Ngorongoro – Um santuário excepcional – Tanzânia
O continente africano pode ser considerado o berço inicial de nossa civilização. Mencionei esta frase em 9 de abril em um artigo neste blog com o título “Continente Africano: Aqui nasceu a humanidade“. Um destino exótico pautado pela exuberância de flora e fauna que apesar de tudo sobrevive a duras penas à exploração da biodiversidade pelas mãos humanas.
As regiões dos parques neste continente são amplamente visitados por turistas americanos, europeus e asiáticos. Poucos sul americanos e os brasileiros mais aventureiros começam a deixar suas pegadas por lá.
Quando estive no Kruger Park na África do Sul, considerado o maior e o mais famoso santuário de animais selvagens do planeta – comparável em tamanho ao estado de Israel – outros viajantes na roda de bar após os safáris comentaram que os parques na África, são distintos entre si. Cada um com um intrincado ecossistema próprio e habitats de vida selvagem diferentes. No Kruger, como a vegetação é alta, a busca por animais nos safáris é mais complicada. Eles relataram que no Parque Nacional de Ngorongoro na Tanzânia, não há arbustos altos e, sendo uma vegetação rasteira, pode-se apreciar vários animais a centenas de metros de distância.
Para chegar ao parque de Ngorongoro tomei uma avioneta partindo de Nairobi no Kenya e aterrissei em Arusha na Tanzânia. Lá chegando, segui em um 4×4 com um simpático casal de espanhóis de Zaragoza, José Antônio e Maria José e um ranger experiente de nome Ringo. Em estradas precárias e algumas paradas pelo caminho, alcançamos a entrada do parque no final de tarde e nos dirigimos diretamente ao Lodge temático da rede Sopa.
Ngorongoro é uma maravilha natural de tirar o fôlego. Uma cratera de vulcão com 2,5 milhões de anos com aproximadamente 20km de circunferência e uma barreira geográfica de 600 metros de profundidade compondo pouquíssimos acessos ao seu interior torna este lugar um santuário realmente peculiar.
O hotel está localizado na borda superior da cratera e a visão do seu interior impressiona pela imensidão. Um excelente jantar nos aguardava e durante a refeição, o pessoal da cozinha realizava um show com danças típicas para entreter os turistas.
No dia seguinte, pulamos no 4×4 do Ringo e a medida que descíamos para o interior da cratera, os animais se revelavam. Manadas com centenas de zebras e gnus bem como elefantes as dezenas cruzando a vegetação baixa, uma visão extraordinária digna dos filmes da National Geographic. Observamos ao longe o “corre corre” de búfalos com uma matilha de hienas ao seu encalço. Vários antílopes, leões e carnívoros pequenos também varrem esta savana. Também testemunhamos ossadas de elefantes próximos ao único lago da cratera de nome Magadi. Ringo explicou que este local é um cemitério de elefantes pois a medida que seus dentes gastam necessitam de arbustos mais macios para se alimentarem e os arbustos mais macios encontram-se próximos a água. Como os elefantes mais velhos vivem próximos a esta fonte de alimentos acabam por morrer neste lugar.
Segundo dia, visitamos uma aldeia Masai chamadas de Enkang. Os Masai vivem em pequenas cabanas feitas de esterco e estacas de acácia sendo o grupo de cabanas contornado em uma área fechada por uma providencial cercas espinhosas. Uma interação animada com o pessoal da tribo culminou nossa visita. Também fomos às margens do lago Magadi observar os sonolentos hipopótamos que estão presentes na cratera.
Terceiro dia e a despedida após o café da manhã. O céu nos brindou com um majestoso arco-iris quando tomamos o rumo a outro parque em Tarangire no 4×4 do Ringo. Será que encontraremos o pote de ouro por lá?
Observações importantes:
- Leve sempre uma garrafa de água quando descer a cratera pois não há barzinhos naquele lugar;
- As principais palavras do vocabulário swalli que você vai proferir são: Jambo (Olá), Asante (obrigado) e Kwareri (adeus);
- Carregue consigo um pequeno binóculo, ele poderá fazer falta na observação dos detalhes;
- Ajuste sua câmera para uma velocidade de obturador alta pois os detalhes acontecem rápido nas savanas;
- Se você tiver a oportunidade de visitar alguma aldeia Masai, leve alguns biscoitos e frutas do café da manhã do hotel para “quebrar o gelo” com as crianças, será recompensador, acreditem;
- Estive por lá no mês de outubro e apesar dos dias não serem muito quentes, as noites são frias portanto leve um abrigo;
- Como nos outros Lodges da África localizados em reservas e parques, o sistema adotado sempre é “pensão completa“, com café da manhã, almoço e jantar;
- Não tive problemas com mosquitos nesta época mas é interessante levar um repelente por via das dúvidas;
- Apesar da enorme quantidade de animais que vivem no interior da cratera, você não encontrara girafas e os rinocerontes são escassos, consegui enxergar um com auxílio do binóculo;
- Sites de interesse:
Leia no blog outros assuntos relacionados à África. Você encontrará relatos de viagem neste continente e dicas importantes.