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PERU, lugar onde os DEUSES se transformaram em MONTANHAS

Uma escolha interessante para um turismo chamado de “tiro curto” foi uma viagem que efetuei com Lisette (minha companheira de aventuras) ao místico Peru.

Foto2Além de ser um país bastante acessível economicamente para pessoas que pretendem viajar com orçamento limitado, é considerado o epicentro da culinária sul americana. Berço de culturas muito antigas, este país representa, para muitos historiadores e arqueólogos, o progenitor do índio latino. Por suas terras floresceram estão culturas como tiahuanaco, nazca, moche e inca, que foram tão magníficas quanto às do Egito dos faraós, da Roma dos césares e de outras grandes civilizações.

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Com um pouco mais de quatro horas e meia partindo de Porto Alegre em vôo direto, chega-se à cidade de Lima. Esta capital, que foi forjada pelo espanhol conquistador Francisco Pizarro em 1535 no coração do império Inca, é ponto de partida para todos os ávidos aventureiros dispostos a conhecer a misteriosa Machu Picchu e o Vale Sagrado. Lima encanta pelo expressivo conjunto da arquitetura espanhola mesclado à simplicidade do povo andino. Uma culinária excelente e pontuada com o melhor da Espanha e da diversidade indígena.

Peru3Mas pensar que o Peru resume-se à cidade inca de Machu Picchu ou ao Vale Sagrado é no mínimo uma heresia. A primeira cidade que visitamos fora da capital foi Puno. Uma cidadezinha à uma hora de vôo de Lima e que abraça a margem peruana do lago Titicaca. Aqui, a altitude de 3.825m, o efeito do mal da montanha, ou “soroche”, é evidente. Chá de coca, mascar coca, coca empanada, coca com limão… Não adiantou “necas”! Para se ter uma idéia, no primeiro dia em Puno, ao abrir o creme de barba e o xampu, os frascos espirraram o conteúdo longe por efeito da altitude. Conselho: deve-se fazer uma aclimatação em Cuzco, que está a “meros” 2400m acima do nível do mar. Nestes dias em Puno, caminhamos devagar e respirando fundo.

No lago Titicaca tivemos a oportunidade de conhecer uma das culturas mais antigas das Américas, que segundo consta, foi o berço da civilização inca: a dos povoados das ilhas flutuantes construídas com juncos de totora. Um povo cortês e humilde, que vive afastado dos centros urbanos e que sobrevive da pesca e dos turistas curiosos que visitam suas ilhas. O arquipélago é enorme. Ao pisar pela primeira vez neste solo artificial, sente-se o balançar de um colchão de água. Lembrar que o leito do lago está uns 20 metros abaixo dá um friozinho na espinha. Os habitantes esforçam-se em explanar como foram feitas as ilhas e falam de seus costumes locais. Um passeio em um barco fabricado com totora no entremeio das ilhas flutuantes encerra a visita. Na cidade de Puno contratamos um moto-taxi que nos conduziu em um tour pelo vilarejo e conhecemos, como sempre, em todos os locais que visitamos,  o pitoresco Mercado Municipal.

Com um roteiro pré-definido, nos dirigimos a Cuzco via ônibus. O trajeto de Puno a Cuzco durou todo um dia e tivemos a oportunidade de conhecer alguns pequenos e empoeirados vilarejos. Pukara e Raqchi  foram alguns deles. Pukara é famosa pela cerâmica dos “toritos de Pukara”, que ornamentam e protegem as casas dos peruanos. Raqchi foi uma cidade erguida em homenagem ao deus  Viracocha no meio do elaborado Caminho Inca que iniciava em Quito no Equador e findava no sul da América, em Tucuman na Argentina. Um almoço típico andino em La Raya a 4.385m (ponto mais alto do trajeto) e quase necessitei do balão de oxigênio.

Peru 4Em Andahuaylillas visitamos a igreja de São Pedro e São Paulo, denominada de a Capela Sistina das Américas com seu inestimável acervo de pinturas da Escola de Cuzco, e que está atualmente em restauração.

Cuzco foi uma admirável surpresa. Cidade fundada pelo Inca Manco Capac por volta de 1000 dC, ela mantém os traços da civilização inca e incorpora as grandes praças abertas e a riqueza das igrejas espanholas. É uma das mais velhas cidades continuamente habitadas de todo o Hemisfério Ocidental. Patrimônio da Humanidade, na lista da UNESCO desde 1983.

Peru 5Chegamos a esta cidade à noite e, no primeiro contato com a Plaza Mayor testemunhamos a internacionalidade de Cuzco. Muitos estrangeiros de várias partes do globo, inclusive compatriotas que não vimos em Puno perambulavam pelas ruas da praça e adjacentes à Catedral. Degustar um Ceviche e beber uma Chicha é tarefa mínima para o turista nos vários restaurantes abertos à noite.

Cuzco é ponto de partida para visitar os principais sítios arqueológicos incas como Machu Picchu, Vale Sagrado, Ollantaytambo, entre outros. A cidade originalmente tinha a forma de um puma e está centrada em um vale. Vale a pena despender algumas horas, subir até o topo da encosta e tirar algumas fotografias da cidade como recordação.

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Peru 7Uma forma de visitar os sítios arqueológicos de Cuzco e arredores é comprar um “boleto turístico”. Com ele você tem o direito de visitar vários pontos de interesse sem a necessidade de compra avulsa de ingressos, além de que, o valor somado é 40% mais baixo.

Em Saqsaywaman (ainda me atrapalho ao pronunciar) nos arredores de Cuzco, nosso guia contou-nos da fortaleza imponente, legado que ainda resiste ao vento e ao tempo. Uma sinuosa muralha de pedras, algumas de até 350 toneladas, encaixadas de forma perfeita sem argamassa parecendo um “LEGO”  arranjado por algum gigante brincalhão.

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Um passeio imperdível a partir de Cuzco é visitar o Vale Sagrado. Povoados como a pequenina Pisac cativam o viajante com o aroma de seu mercado ao ar livre e com o colorido das barracas de venda de artesanato. É sem dúvida o local mais barato e completo para as “lembrancinhas”. No final do dia, enquanto todos regressavam a Cuzco, nos hospedamos em um acolhedor monastério do século 17 transformado em hotel a poucos quilômetros do povoado de Urubamba.

Bem cedo no dia seguinte embarcamos, em Ollantaytambo, no trem Vistadome rumo a Machu Picchu / Águas Calientes. O serviço de bordo do trem é impecável. Desembarcamos após uma hora de ferrovia e, com mais 45 minutos em um micro-ônibus, subindo as montanhas em uma estradinha sinuosa, chegamos às portas do parque de Machu Picchu. Caminhamos por mais 30 minutos. A subida é terrível, principalmente quando chegamos próximos ao topo. Escadas estreitas e tão inclinadas que temos a impressão que cairemos para trás. Mas no fim desta trilha, no topo da montanha, nos maravilhamos com uma vista espetacular da cidade que os conquistadores espanhóis nunca encontraram. Nunca tive uma impressão tão forte de estar na presença do sagrado.

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Peru 13Há uma magia inexplicável neste lugar que foi descoberto pelo inglês Hiram Binghan mediante pagamento de apenas um sol (moeda peruana) a um agricultor local há 100 anos. Caracterizado pela serenidade e permanência das formas expressivas ligadas ao culto do deus Sol, parece que tudo por aqui está em harmonia com o universo. Realmente não é a toa que este topo do mundo é considerado uma das 7 maravilhas modernas e patrimônio universal pela UNESCO. Em nossas viagens anteriores tivemos contato com as culturas maia e azteca, no México, e agora pudemos perceber as evidências de um padrão de comportamento, engenharia  e crenças similares envolvendo todos estes povos.

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Peru 10No dia seguinte, em Cuzco, saímos do trajeto tradicional dos turistas e nos aventuramos fora das antigas muralhas da cidade. Participamos de uma animada festa pelas ruas de Cuzco em homenagem à Virgem de Nossa Senhora da Natividade, e confesso que já estávamos nos sentindo como nativos. O Mercado Municipal é imenso e encontra-se todo o tipo de mercadorias e uma variada prestação de serviços.

Peru 14Nosso retorno a Lima foi marcado pelo embarque no aeroporto de Cuzco. Como não há sistema de RX para as malas que são despachadas, TODAS são revistadas na entrada do check in. Situação é hilária, pois não há divisórias ou compartimentos individuais para revista e um passageiro pode observar e até mesmo bisbilhotar o conteúdo da mala de outro…

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Peru 18Os dois últimos dias da viagem, aproveitamos na cidade de Lima. Contratamos previamente uma simpática motorista que conhecemos quando desembarcamos no Peru, para que nos acompanhasse nestes dois últimos e exíguos dias. Agenda cheia, tínhamos a intenção de visitar a famosa feira bienal de gastronomia chamada “MIXTURA”, mas, ao chegar próximo ao parque, observamos que praticamente toda a população desta cidade de Francisco Pizarro estava no interior desta quadra. Em compensação, outros pontos turísticos como a Catedral, o Monastério de San Francisco e a Plaza Mayor estavam vazios.

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Uma gratificante surpresa foi conhecer o renomado artista peruano Victor Delfin trabalhando em seu ateliê, uma das atrações proporcionada pela nossa cicerone nos dois dias em Lima.

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Disponibilizamos onze dias para esta bela jornada. Excedemos o peso de nossa bagagem na volta com recordações e lembranças desta semana e meia neste país que nos acolheu tão bem. O retorno rápido de quatro horas e meia ao Brasil, em vôo lotado, mas sem a necessidade de translado em São Paulo ou Rio de Janeiro…….um alívio.

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