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Damoy-Point-Antártida

Por que visitar a Antártida?

Uma viagem muito pouco conhecida pelos aventureiros brasileiros é explorar o exótico Continente Antártico. O turismo na Antártida e seu impacto ambiental foram temas discutidos na 37ª reunião consultiva anual do Tratado Antártico de 2014, e não é de duvidar que os países membros restrinjam e controlem operações de turismo nesta região. Cinqüenta países são signatários do Tratado Antártico  que entrou em vigor em 1961.  Portanto, ficará cada vez mais difícil e custoso apreciar este continente gelado.

Há cruzeiros periódicos que singram as águas no extremo hemisfério sul, mas um roteiro interessante é acompanhar pesquisadores em navios de cunho científico que com certa freqüência cruzam estes mares.

Foi esta exatamente a minha aventura acompanhado de Lisette, minha companheira de viagens. Após um vôo breve até Ushuaia na Argentina, embarcamos no navio de pesquisa russo Akademik Ioff para dividir durante 14 dias as experiências de uma equipe singular de exploradores polares.

Ponte Akedemik Ioofe
Ponte Akedemik Ioofe

A preparação antecipada para viagem foi complexa. Preenchimento e envio de diversos formulários incluindo informações médicas e biométricas.

O Akademik Ioff, construído na Finlândia em 1989, foi uma antigo navio sonda russo utilizado contra submarinos na época da guerra fria. Atualmente adaptado para pesquisa, conta com cabines para passageiros, uma esplêndida biblioteca sobre a Antártida além de uma tripulação experiente neste tipo de travessia. Sendo de cunho científico, este navio tem acesso a lugares estratégicos não disponíveis  aos poucos navios turísticos que costumam  percorrer a região.

Biblioteca Akademik Ioffe
Biblioteca Akademik Ioffe

O perfil do grupo constituiu outro atrativo. Sendo os únicos brasileiros a bordo, o restante dos passageiros totalizando 56 pessoas, eram integrados por alguns turistas, jornalistas, fotógrafos e pesquisadores de diferentes nacionalidades. A expedição foi chefiada por  um canadense, com mais de 10 anos de experiência nas regiões polares, acompanhado de um grupo de biólogos e compondo a equipe o incrível historiador australiano Ray McHahon, agraciado na Inglaterra com a “British Polar Medal” por serviços prestados na Antártida.

A integração foi total, durante os dois primeiros dias da jornada até a península Antártida, atravessando o tenebroso Estreito de Drake e cruzando a “Convergência Antártida”, houve um árduo treinamento para a equipe, com palestras explicativas sobre a região, suas condições e ambientação, visando facilitar a interatividade do grupo e a adaptação prévia ao local.

No refeitório do Ioffe, um cardápio espartano mas bem elaborado, era disponibilizado nas principais refeições. Um pequeno bar na popa do navio, foi o local ideal para troca de experiências de um dia de expedições entre os participantes, tudo regado a muita vodka e chocolate quente, as bebidas preferidas para espantar o frio constante com temperaturas negativas mesmo no verão. Firmamos amizade com um casal da Romênia, Thomas e Anka, que passaram a dividir as refeições conosco.

Refeitorio Akademik Ioffe
Refeitorio Akademik Ioffe
Popa Akademik Ioffe
Popa Akademik Ioffe


Mas o que efetivamente a Antártida oferece como atrativo? A expedição inclui visitas a algumas das estações de pesquisas, hoje representadas pelos 50 países, definidos pelo Tratado da Antártida, do qual o Brasil faz parte desde 1975. Distribuídas por todo o Continente Antártico, às estações são circundadas por cenários e ambientes próprios enriquecida por diferentes espécies de pingüins, baleias, focas e pássaros. Ao longo do tempo irei pontuar e detalhar algumas aventuras no blog.

Uma das estações visitadas, a Base Ucraniana de Vernadsky, foi co-responsável pela descoberta do “buraco” na camada de ozônio e é onde se encontra o “bar mais austral do planeta”. Esta estação foi adquirida pela Ucrânia da Inglaterra pelo valor simbólico de 1 libra. Pelo Tratado Antártico, os países signatários deveriam  ter somente uma estação no continente. Para a Inglaterra que tem mais de uma base por lá, foi providencial pois teria que desmanchar e transportar toda a base de retorno a Grã Bretanha. Uma calorosa recepção nestas bases evidencia a solidão que faz parte deste continente. Poucas estações de pesquisa estão abertas nos 360 dias do ano sendo que abrigam no inverno cerca de 1000 trabalhadores e 4000 no verão, “o continente Antártico ainda vence o homem”.

Com limitação aos navios por questões geográficas, o desembarque nas estações e nos pontos de visita é através de botes infláveis tipo zodiak, movidos a um potente motor de popa, o que permite a proximidade aos animais, inclusive baleias a três metros de distância.

Caminhar entre colônias de centenas de amistosos pinguins, acompanhar cardumes de baleias e suas crias nas tranqüilas enseadas, ficar bem próximos a temíveis focas leopardo ou ouvir no silêncio deste lugar, o desprendimento de uma enorme massa de gelo de uma geleira e sua precipitação estrondosa no mar são experiências indescritíveis.

Deception Island, ou Ilha da Decepção foi uma das últimas expedições deste roteiro. Desde os primeiros exploradores, ela aparece nos relatos como um “porto seguro” para se abrigar das grandes tempestades antárticas (o primeiro registro de uso dela oficial é de 1829, pela expedição britânica de Henry Foster). O local foi assim batizado, pela grande decepção que causou aos exploradores que ali chegaram primeiro –  felizes, estavam crentes de encontrar ali uma ilha, porto seguro e posteriormente se deram conta de que estavam na verdade simplesmente na cratera de um vulcão. É possível um mergulho nas águas quentes vulcânicas que contrastam com o restante do ambiente gelado da ilha.

No 14º dia retornamos a Ushuaia e, por ser um navio de pesquisa, o farol chileno localizado no Estreito de Drake nos autorizou uma navegação próximo as escarpas.

Em terra, a sensação do balançar do navio ainda nos assombrou por dois dias.

Locais visitados:

  • Lemaire Channel;
  • Petermann Island (Colônia de pingüins Gentoo e Adélie);

    Foto (109) - Petermann Island - Antártida
    Petermann Island – Antártida
  • Yalour Island  (Icebergs azuis e negros);
  • Akademik Vernadsky Station (Bar mais austral do planeta);
    Vernadsky Station - Antártida
    Vernadsky Station – Antártida

    Vernadsky Station - Antártida
    Vernadsky Station – Antártida
  • Neumeyer Channel (Passagem estreita e Geleiras enormes);

    Neumeyer Channel - Antártida
    Neumeyer Channel – Antártida
  • Pleneau Island (Pingüins e focas);
    Plenau Island - Antártida
    Plenau Island – Antártida
    Plenau Island - Antártida
    Plenau Island – Antártida

     Plenau Island - Antártida
    Plenau Island – Antártida
  • Damoy Point;

    Damoy Point - Antártida
    Damoy Point – Antártida
  • Dorian Bay (Local de uma desabitada estação Argentina);
  • Paradise Harbour (Base Chilena González Videla );

    Paradise Harbour - Antártida
    Paradise Harbour – Antártida
  • Almirante Brown Station ( Estação da Argentina e local onde o grupo realizou trekking em uma íngreme montanha gelada);
  • Neko Harbour (Berçário das baleias tipo Minke);
  • Curverville Island (Uma imensa colônia de pingüins Gentoo);

    Curverville Island - Antártida
    Curverville Island – Antártida
  • Wilhelmina Bay (onde pode ser vista baleias Humpback, que exibem a cauda na superfície das águas antes do mergulho);

    Wilhelmina Bay - Antártida
    Wilhelmina Bay – Antártida
  • Deception Island (É a boca de um imenso vulcão que entrou em erupção em 1967, deixando desabitado o local que abrigava uma estação Britânica e anteriormente uma empresa baleeira norueguesa) As edificações e equipamentos ainda estão lá;
    Deception Island - Antártida
    Deception Island – Antártida
    Deception Island - Antártida
    Deception Island – Antártida
    Deception Island - Antártida
    Deception Island – Antártida
    Deception Island - Antártida
    Deception Island – Antártida
    Deception Island
    Deception Island

    Deception Island - Antártida.
    Deception Island – Antártida.
  • Half Moon island (Estação Argentina – O tempo extremamente  ruim não permitiu o desembarque nesta estação).

Pela dificuldade de acesso e de condições climáticas favoráveis aos seres humanos, lá a natureza fala mais alto, mesmo em contrariedade a vontade do homo sapiens de consolidar novos postos na região. Dessa experiência fica o ensinamento de que a Antártida é um continente que não pode ser percorrido sem que se tenha visitado outros antes e o seguinte pensamento:

Naquele pedaço do mundo, temos que aceitar que nosso pequeno planeta azul foi certamente criado por um ser maior. A agressividade do clima e sua grandiosidade contrabalançam com a sensação de paz e tranqüilidade. O que falta em cores é harmonizado pela quantidade infinita de tons de azul. Agora começo a compreender porque nosso Amir Klink venera tanto este lugar. Lá tudo parece estar em equilíbrio e espero de coração que todos nós o deixemos assim.

 

Sites de Interesse:

 

Dica importante:

Ao embarcar no navio após cada expedição entre colônias de centenas de pinguins, há uma sala chamada “Mud Room” na qual deve ser lavado todo o equipamento e vestuário utilizado em terra. Após uma destas jornadas ao retornar a cabine, senti um cheiro extremamente desagradável no ambiente. Descobri após muito custo que a calça da roupa tinha um risco quase imperceptível de guano de pingüim que não observei na limpeza no Mud Room. Portanto lave bem botas e vestuário pois o cheiro é insuportável.

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