Localizado na região oriental do maior deserto quente do mundo – o Sahara – este ponto no extremo leste do mapa do Egito impressiona por sua diversidade geográfica e cultural. Distante a aproximadamente 700km do Cairo, a estrada parece não ter fim. É uma viagem longa e solitária em uma rodovia despovoada com poucas paradas no caminho. Mas quando se alcança este Oásis nos damos conta que vale muito a pena.

Pensar que um oásis no deserto é composto por uma meia dúzia de tamareiras e um pequeno lago de água duvidosa é um tremendo engano. Apesar de Siwa localizar-se em uma região árida e isolada no Egito, ele tem 80 km de comprimento e 20km de largura.

O que diferencia este imenso cinturão verde em pleno deserto é sua abundância de água em lagos, lençóis subterrâneos e fontes termais, sendo a agricultura a principal atividade dos seus 23.000 habitantes. A população de Siwa é em sua grande maioria de origem berbere oriundas do Magrebe, ou seja, do Sahara.

O povoado possui uma praça central onde avista-se as ruínas de uma fortaleza de nome Shali consumida pela erosão, mas ainda habitada por alguns insistentes comerciantes. As ruas na sua maioria não são pavimentadas e o pó é uma constante do dia a dia. Como em todo o Egito, a iluminação é precária. À noite, uma caminhada por suas ruas toma um viés fantasmagórico, mas é completamente seguro.  O povo da região é amável apesar dos traços rudes que o sol e as areias do deserto deixam em seus rostos.

Quando visitar Siwa:

Como está localizado em uma região desértica, evitar o verão é aconselhável. O período entre novembro/dezembro e abril e maio são os melhores. As temperaturas oscilam muito entre o dia e a noite, chegando a 30 graus durante o dia e a 10 graus a noite sendo a umidade do ar baixa, portanto, beber muita água é essencial.

Como chegar lá:

Não adianta, a única maneira de chegar a Siwa é por rodovia. Partindo do Cairo, rumo norte até o balneário de Marsa Matrouh e desviando a esquerda em direção ao oásis. É uma viagem longa que por si só já é uma aventura e deve ser efetuada garantindo no mínimo 2 pernoites por lá. Há linhas de ônibus regulares partindo do Cairo, mas se você é um flashpacker é mais confortável contratar um tour para esta jornada que inclui hospedagem e guia, veja aqui.

Onde se hospedar:

É importante a escolha do local para hospedagem. Há vários hotéis e resorts disponíveis no oásis. Alguns bons, outros nem tanto. Informe-se com amigos que estiveram neste oásis ou na Internet. Me hospedei no Siwa Shali Resort e a experiência foi ótima. A construção do resort é ambientada com o deserto, possui piscinas e fontes termais, os quartos são espartanos, mas cômodos, e o café da manhã é simples, mas bem elaborado.

O que fazer em Siwa: Não se engane, o oásis tem inúmeras atrações para os viajantes, e as principais são:

• O templo do Oráculo: Apesar de restar pouco do templo, alguns pontos foram restaurados. Foi dedicado ao deus Amon. Alexandre o Grande consultou o oráculo em 331 que o confirmou como personagem divino e legítimo faraó do Egito. A edificação permite uma ótima visão do lago salgado. A mesquita de Aghurmi encontra-se no mesmo sítio.

• A banheira de Cleópatra: Uma piscina de água natural termal muito cristalina que reza a lenda era onde a rainha Cleópatra vinha tomar banhos na cidade. Aproveite e almoce em um dos restaurantes Berbers instalados ao redor da piscina, aproveitando o vestiário para trocar as roupas após o mergulho.

• A cidadela de Shali: No topo de uma colina esta cidadela foi o início da cidade. Hoje abandonada e atualmente ocupada por alguns comerciantes. Um labirinto de argila que se parece com os castelos que as crianças constroem na beira do mar. No seu topo uma ótima vista da cidade.

• O grande mar de areia: Acompanhar o entardecer na solidão de uma duna de areia acompanhado de um bom chá de menta é uma experiência única. É um tour que inclui uma travessia pelas dunas em um 4×4 “com emoção”.

• A montanha dos mortos: Gebel Al Mawta ou a montanha dos mortos foi o local de antigos túmulos da 26º dinastia de pessoas não muito ilustres. A colina inteira contém túmulos atualmente abertos, saqueados e vazios. Restam algumas tumbas interessantes como o túmulo de Si-Ammon e de Niperpathot. Um panorama excepcional do oásis pode ser vislumbrado de seu topo que se alcança com uma fácil caminhada.

• Fonte Bir Wahed: É uma piscina de água termal sulfurosa do tamanho de uma grande jacuzzi em pleno deserto do Sahara. É necessário um veículo 4×4 para se chegar aqui. Distante 15km do Grande Mar de Areia, você necessita contratar um guia com carro.

Dicas:

• É possível alugar uma bicicleta no centro de Siwa e percorrer as principais atrações com ela. Mas leve um mapa com você, pois não há muitas indicações pela cidade, tampouco os habitantes falam outro idioma fora o árabe. O maps.me  também possui o mapa de Siwa no arquivo do Egito e me ajudou muito para me localizar neste oásis.
• Lembre que o país é muçulmano e Siwa tem uma população humilde. É recomendável que as mulheres não percorram caminhos pedalando sozinhas, sempre acompanhadas.
• Evite banha-se na fonte de Bir Wahed ao entardecer. O local é muito visitado por mosquitos neste horário.
• Apesar de poder comprar água mineral em locais na cidade, não saia do hotel sem uma garrafa deste líquido precioso.
• Se você não tem a intenção de carregar 2 kg de areia do Sahara, dê preferência a chinelos abertos aos tênis fechados para caminhada e jornada no Mar de Areia. O Sahara é composto de uma areia muito fina que penetra em qualquer saliência dos sapatos.
• Experimente uma iguaria local. O carneiro assado com ervas – Abu Mardam – típico da culinária berbere, é assado por horas em uma panela enterrada nas areias do deserto. É saboroso e acompanha arroz, pão e saladas.

Nos próximos posts vou descrever as aventuras caminhando entre as montanhas para chegar ao impressionante mosteiro de Sta. Catherine, encravado em um monte no Sinai. Também vou abordar o paradisíaco balneário de Sharm el Sheikh no Mar.  Acompanhem.